Uma queixa muito recorrente entre tutores é a questão das necessidades (xixi e coco) sendo feitas nos lugares errados. Esse comportamento sendo realizado repetidamente pode gerar grandes problemas na casa, já que é muito frequente encontrar cães que além de não fazerem o xixi no lugar em que seus tutores gostariam, escolhem os locais mais difíceis de serem higienizados como tapetes da sala, sofás e até mesmo a cama dos familiares.
Mas como resolver um problema desses? Primeiro é necessário compreender como uma situação dessas é interpretada pelo cão, ou seja, precisamos perceber qual é a leitura da cena do ponto de vista do cachorro. Só então conseguiremos estabelecer uma comunicação assertiva e direcionar o cachorro ao “banheiro” de forma eficaz. Duas questões importantes a considerar: 1) o comportamento de “fazer as necessidades” é auto-recompensador, ou seja, toda vez que o cachorro se aliviar (seja no local correto ou não) ele se sente bem, já que a pressão na bexiga ou intestino cessa toda vez que isso acontece; e 2) esse comportamento não pode ser induzido por nós tutores ou adestradores (precisamos esperar que o cão tenha vontade de fazê-lo), e, por isso, é preciso monitorar o cachorro durante todo o tempo (pelo menos no início do treinamento) para que ele possa ser direcionado ao “local correto” todas as vezes que ele tiver vontade de se aliviar.
Você já tinha visto a situação por esse ângulo? A maioria das pessoas não. E esse é um exemplo do porque temos dificuldade de treinar nossos cães, nós pensamos como humanos! Para que possamos direcionar o nosso cachorro a fazer o xixi no local correto é ideal prover um “banheiro” atrativo e com espaço suficiente para evitar os chamados “quase acertos”. Se sua expectativa é que o cachorro entenda o que você espera dele sem que a comunicação seja eficiente, você não terá muito sucesso na educação de seu cachorro. Ou seja, através da disponibilização de espaços pequenos (poucos tapetes higiênicos ou jornais, por exemplo), pouco ou nenhum incentivo e falta de direcionamento adequado, o cão não entenderá o que você quer que ele faça. Por isso, facilite pra ele, principalmente no início até que a “regra” fique muito clara para ele (não para você).
Disponha dois ou três tapetes higiênicos (ou folhas de jornais) para o seu cachorro utilizar. Lembre que esse local não pode ficar próximo ao local que você coloca sua alimentação ou água, ninguém merece ter o banheiro ao lado da mesa de jantar, não é mesmo? Além disso, lembre-se de higienizar o local com alguma frequência para que o cão não comesse a evitar fazer as necessidades no local determinado por este espaço já estar sujo.
Os cães tem costume de fazer suas necessidades em alguns momentos específicos do dia: logo ao acordar de manhã, depois de tomar água e/ou comer e depois de se exercitarem. Então devemos estar sempre atentos a esses momentos, pois são as oportunidades de ensiná-los que estamos esperando (aliás, se você não ensiná-lo, ele vai aprender sozinho, provavelmente no seu tapete da sala). Nestes horários, coloque seu cão na guia e leve-o até o banheiro, deixe-o cheirar o local e imediatamente após ele fazer alguma necessidade recompense-o com um petisco. Nos outros momentos do dia o cachorro precisará ficar sob sua supervisão, se exercitando nas caminhadas, praticando comandos, fazendo treinos passivos como o exercício do Place, ou até mesmo descansar na caixa de transporte. Caso seu cão não faça as necessidades quando você leva-lo até o “banheiro”, volte com ele a algum destes exercícios e repita todo o processo até que ele faça as necessidades, pois somente assim você não desperdiçará a oportunidade de premiá-lo por ter acertado.
Esse tempo que estamos monitorando o cachorro é fundamental para que não haja “erros”, ou seja, nenhum xixi ou coco fora do local que você determinou. Para maior sucesso nos treinos, além da supervisão que é imprescindível, é necessário saber se comunicar com o cão e entender o que ele está tentando comunicar para nós humanos. O adestramento canino vem colaborar com essa comunicação para que ela se torne ainda mais eficiente, fazendo com que cães e humanos se entendam, e possibilitando a convivência em um ambiente mais equilibrado.
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